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PRODUTOS DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

Os produtos básicos da análise de Inteligência (conhecimentos) são quatro e diferenciados em função da faixa do tempo que abrangem, como o passado, o presente e a projeção no horizonte temporal futuro, pelas operações intelectuais utilizadas em sua elaboração e pelos estados da mente do analista perante a verdade. Lembra?

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Assim, são encontrados no mundo dos negócios os seguintes nomes:

Relatório de Inteligência, Estimativa, Boletim de Informações (ou de Inteligência), Memorando de Inteligência, Análise de Situação e Estudo de Caso.

Estes quatro produtos são considerados os conhecimentos básicos da análise de Inteligência.

Eles são utilizados por diferentes instituições e organizações privadas, em especial aquelas que praticam a Inteligência Competitiva, no intuito de se diferenciarem da Inteligência de Estado ou para ganharem em velocidade, e acharam, por bem, atribuir novas denominações aos conhecimentos de Inteligência.

Também no segmento privado podem ser vistas as denominações: Informe, Informação, Apreciação, Estimativa, Relatório de Inteligência e Mensagem de Inteligência.

O conhecimento de Inteligência, como podemos inferir, é alcançado a partir da utilização do método. Entenda que método é o conjunto sistematizado de procedimentos realizados pelo analista, fundamentados na metodologia científica e no raciocínio lógico, com o intuito de produzir um conhecimento objetivo, preciso e oportuno.
As fases do método

Para efeitos didáticos, são consideradas as fases descritas no quadro a seguir do método de produção do conhecimento que não são estanques; elas interpenetram-se e são interdependentes. A execução dos procedimentos nem sempre segue rigidamente esta sequência.

Veja a seguir o detalhamento de como se dá cada uma dessas fases:

Fases do Planejamento

O analista de Inteligência faz estudo preliminar do problema, determina o Assunto e estabelece a sequência de ações necessárias para realizar o trabalho e as condicionantes. No planejamento, precisamos seguir os seguintes passos:

  • definição do assunto;
  • determinação da faixa de tempo;
  • verificação do usuário e da finalidade;
  • definição do prazo;
  • levantamento dos aspectos essenciais: conhecidos e a conhecer;
  • outras providências são ainda necessárias: grau de sigilo; ligações e contatos; recursos humanos, materiais e financeiros.

Salientamos ainda que o assunto consiste em elaborar um título adequado ao conhecimento, algo que o defina. Para tanto, recomenda-se usar uma expressão que responda às questões:

O que? Quem? Onde? Quando?

Às vezes, ao longo da elaboração do conhecimento, poderá ser necessário redefinir o assunto. O assunto é o out door do trabalho. Bem elaborado, ele atrai para a leitura atenta, mas é preciso cuidado para não transformá-lo em algo que não seja a realidade dos fatos abordados no conhecimento produzido. Por exemplo, ao analisar um livro pelo nome:

BASSET, Richard. Almirante Canaris – Misterioso espião de Hitler. Tradução Joubert de Oliveira Brízida: Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.

O título do livro faz pensar em uma leitura superficial e que Wilhelm Canaris foi um espião privado do ditador alemão, o que não corresponde à realidade. Canaris, chefe da Inteligência, serviu à Alemanha durante a II Guerra Mundial.

Usuário e Finalidade

Nesta fase, o analista deverá responder às seguintes questões:

  • Quem será o usuário do conhecimento?
  • Qual a finalidade do conhecimento elaborado?
  • Nem sempre será possível ter estas respostas.
  • Estas respostas auxiliam o analista a dimensionar (em extensão e profundidade), adequadamente, a abordagem do assunto.

Faixa e Tempo

Período de tempo em que o assunto deve ser enquadrado e que permita um entendimento adequado.

Desde quando isto está ocorrendo?

Até quando vão se dar suas repercussões ou seus reflexos? A faixa de tempo limita os fatos que serão abordados, determinando a abrangência do assunto.

Vale ressaltar que, por meio da Análise Retrospectiva, pode-se analisar os fatos que, tendo ocorrido no passado, têm reflexos ou repercussões no presente e podem influenciar o futuro. Deve retroagir a um limite que permita uma boa compreensão dos fatos de interesse para o trabalho em elaboração, e é a partir daí que se delimita a Faixa do Tempo, e, considerando essas relações, são sugeridos os aspectos essenciais do Planejamento, tais como:

Prazo

É o tempo disponível para que o analista apresente seu trabalho; é a data limite. O analista deve considerar, sempre, o princípio da oportunidade; nesse caso, ele poderá ver-se obrigado a prioridades.

Caso não haja prazo definido o analista terá como base:

  • complexidade do trabalho;
  • importância do usuário e o risco existente.

Aspectos Essenciais

  • relacionamento de tudo o que se necessita abordar. (*) Técnica de Brainstorming)
  • podem ser alterados no decorrer dos trabalhos.
  • os aspectos essenciais a serem abordados, para esclarecimento do assunto, definem o esquema preliminar do conhecimento em elaboração.

Assim, num Planejamento de Inteligência, os Aspectos Essenciais dividem-se em conhecidos e a conhecer.

Quanto aos Aspectos Essenciais Conhecidos, para os quais o analista já tenha algum tipo de resposta em arquivo ou em seu próprio back up:

  • são dados e conhecimentos que, de alguma forma, estejam de posse do analista;
  • neste momento, o analista deve separar as respostas disponíveis em completas e incompletas e assinalar aquelas que expressam certeza daquelas que apresentam algum grau de incerteza (opinião ou dúvida).

Dessa forma, pode-se explicar os aspectos essenciais a conhecer como:

  • o que o analista precisa saber;
  • a listagem dos dados/conhecimentos a serem conhecidos e como podem ser obtidos;
  • definição do esforço de coleta e/ou o dimensionamento da busca.

Os Aspectos Essenciais a Conhecer dependem muito do analista, de seu conhecimento anterior a respeito do assunto e da sua complexidade do tempo na atividade e daquilo que se quer desvelar.

É normal que os Aspectos Essenciais a Conhecer sejam redefinidos em qualquer ponto em se esteja do trabalho. No início pode-se ter um mistério completo ou mesmo “não se saber o que não se sabe”.

Outras Medidas Necessárias

  • SIGILO: estabelece as medidas necessárias à proteção das pessoas envolvidas e da própria organização. Há necessidade de conhecer e compartimentar. São necessidades de contatos e ligações com outras organizações e com pessoas. Requer que sejam assumidas as entrevistas, os contatos com colaboradores ou consulta a outros especialistas.
  • LOGÍSTICA: implica a arte de aprovisionar, receber, armazenar, separar, expedir, transportar e entregar o produto/serviço certo, na hora certa, no lugar certo, ao menor custo possível. Ela é a área da gestão responsável por prover recursos, equipamentos e informações para a execução de todas as atividades de uma empresa. Entre as atividades da logística estão o transporte, a movimentação de materiais, armazenamento, processamento de pedidos e gerenciamento de informações.

Portanto, a fase do PLANEJAMENTO não deve ser considerada supérflua ou desnecessária. É importante investir nessa fase e não ter medo de retornar a ela toda vez que for necessário agregar ou alterar algum aspecto que esclareça melhor o conhecimento em elaboração.

Fases do Método

Reunião: é o momento criado para se obter os dados e conhecimentos que permitem responder a todos os aspectos essenciais a conhecer ou que venham complementar os aspectos essenciais conhecidos.

A reunião compreende duas ações: a COLETA e/ou a BUSCA.

Nessa etapa há necessidade que se tenha conhecimento:

  • dos dados oriundos de fontes abertas/públicas – COLETA;
  • dos conhecimentos disponíveis (arquivos) – COLETA;
  • dos dados que possam ser obtidos em BUSCA e como fazê-lo.

Atualmente, a pesquisa e o próprio processamento dos dados e dos conhecimentos coletados devem empregar meios de TI, tipo softwares de relacionamento e datamining.

COLETA: nessa ação o analista deve pesquisar para obter os dados e os conhecimentos que permitam responder a todos os aspectos essenciais a conhecer ou que complementem os aspectos essenciais conhecidos. Nessa fase deve-se procurar observar as seguintes regras:

  • ir das ações mais simples para as mais complexas;
  • partir do custo mais baixo para os custos mais elevados;
  • iniciar com ações de menor risco, passando, se necessário, para as mais arriscadas.

Análise e síntese

Na fase posterior, que é a da Análise, compreendeu-se ser a fase em que o analista avalia e integra os dados e os conhecimentos, considerados com valor (pertinentes), reunidos para permitir uma interpretação Lógica do resultado.

Os dados e os conhecimentos úteis reunidos são chamados de FRAÇÕES SIGNIFICATIVAS.

A pergunta a ser feita é:

“O que significa isto?
(Buscando o significado do todo produzido a partir das FSs)
Pergunta – Lembra do raciocínio Lógico?

Integração

Observando os Aspectos Essenciais, levantados na fase do Planejamento e complementados nas demais fases, se for o caso, o analista procura formar uma sequência coerente e ordenada de dados por meio da seleção e combinação das Frações Significativas já avaliadas; o aproveitamento de todas as frações significativas depende do tipo de conhecimento a ser produzido.

As Frações Significativas (FS), em realidade uma nova denominação dos Aspectos Essenciais selecionados, são comparadas e integradas de forma que permitam a produção de um dos tipos de Conhecimento de Inteligência: Informe, Informação, Apreciação ou Estimativa.

Interpretação

Essa fase da interpretação dos dados integrados é a etapa final da fase de análise, oportunidade em que o analista, utilizando-se de operações de raciocínio lógico, procura determinar, de forma conclusiva (certeza/opinião), o significado final do fato ou da situação sob análise; a interpretação é o resultado do trabalho do analista.

Com base nas FSs integradas (premissas), o analista formula novos juízos ou raciocínios; é a etapa da conclusão.

RELEBRANDO:

Fases do Método

A interpretação dos dados integrados é a etapa final da fase de análise, oportunidade em que o Analista, utilizando-se de operações de raciocínio lógico, procura determinar, de forma conclusiva (certeza/opinião), o significado final do fato ou da situação sob análise.

Com base nas FSs integradas (premissas), o analista formula novos juízos ou raciocínios conclusão.

Relembrando:

Fase da Disseminação (ou difusão)

Após a análise, o conhecimento, materializado em um documento, obedecendo a estrutura básica preconizada pela organização, é expedido, com oportunidade e segurança na forma mais adequadas para o usuário (papel, vídeo, cd, intranet, internet etc.).

A adequada formalização do documento de Inteligência, além de causar uma boa impressão, facilita a compreensão de seu conteúdo por parte do usuário.

A DIFUSÃO não deve ser descuidada. Muitas vezes um excelente trabalho se perde por ter sido enviado ao destinatário errado ou fora do momento oportuno para sua utilização.

Conclusão

É muito importante ao analista conhecer e empregar uma metodologia, com base na Lógica, a fim de:

  • garantir que todos os aspectos do problema tenham sido considerados;
  • assegurar o encadeamento lógico do seu raciocínio de maneira que facilite o entendimento por parte do usuário.

“A precipitação e a pré-concepção levam à má interpretação”.

Por outro lado, o analista deve lembrar-se que:

  • o conteúdo é mais importante do que a forma;
  • o conhecimento deve ser disseminado a tempo, em atendimento aos princípios da objetividade e da oportunidade.
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